O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse nesta segunda-feira (13) em transmissão ao vivo que o “brasileiro médio” não tem medo e não está assustado com a pandemia do novo coronavírus. “O brasileiro médio está acostumado com uma vida difícil; está acostumado a andar apertado dentro de trens e ônibus para ir trabalhar, está acostumado a ver mortes no trânsito, problema de criminalidade, assaltos, etc. Então, talvez ele não tenha se sensibilizado tanto, ou se apavorado tanto com essa questão da pandemia”, disse, as informações são do Correio Braziliense.

Mourão explicou: “Estou falando do brasileiro médio, aquele que sai com a marmita embaixo do braço todo dia para ir trabalhar. Esse aí não tem medo, não está assustado. Ele enfrenta de tudo no seu dia a dia. Então, ele não está assustado”. A fala foi proferida em transmissão ao vivo da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em conversa com o presidente José Carlos Martins. Mourão comentava que um dos efeitos da pandemia é o surgimento de uma nova forma de relacionamento.

“Talvez as pessoas se preservem mais, apesar de a gente ter visto semana passada, quando abriram os bares no Rio de Janeiro, houve uma corrida para os botecos. Acho que o pessoal estava meio saudoso”, disse, antes de comentar sobre o “brasileiro médio”. O vice-presidente se refere aos bares que ficaram lotados no primeiro dia de reabertura, no dia 2 de julho. Uma das regiões muito comentadas, com diversos vídeos de aglomerações, foi o Leblon, bairro nobre da capital.

Em seguida, o vice-presidente citou o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que em entrevista à Folha de S. Paulo publicada nesta segunda-feira disse que “o brasileiro médio já se acostumou com quatro ou cinco aviões caindo todos os dias”, se referindo ao número de vítimas do novo coronavírus. Mandetta disse na entrevista que às vezes acha que “os brasileiros jogaram a toalha”, citando o fato de muitos estarem saindo para bares sem máscara. 

O vice-presidente completou, ainda: “Acho que essa característica do brasileiro [de não estar com medo] que vai nos fazer emergir dessa situação, dessa pandemia, com todas as atributos possíveis para avançarmos na reconstrução dessas perdas que vivemos ao longo desse período, que se imaginavam que seriam muito piores, não vai ser tão ruins assim. Determinados setores, muito pelo contrário, até avançaram.”

Mourão criticou a imprensa, dizendo que quem acompanha o noticiário deve achar que o Brasil está acabando, “se derretendo”. “Mas, na realidade, não é isso que a gente enxerga”, frisou. De acordo com ele, o país possui desigualdade sociais acentuadas por desequilíbrios nas demais regiões do país.

“Temos um Centro-Sul mais escolarizado, com mais acesso a informação de qualidade, mais emprego, mais renda; um Centro-Oeste pujante, em cima do agronegócio que é o principal produto de exportação no Brasil, mas temos duas regiões ainda extremamente desequilibradas, que é a Amazônia e o Nordeste, com carências que precisam ser enfrentadas”, explicou.

De acordo com ele, a pandemia mostrou alguns aspectos fundamentais, citando a solidariedade e a capacidade do Sistema Único de Saúde (SUS). “Apesar do número de óbitos que nós tivemos, mas com um país das desigualdades que nós temos, das aglomerações urbanas como nós temos, eu vejo que esses números estão dentro ainda do que poderíamos esperar”, disse.

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