O delegado da Polícia Civil Gustavo de Castro Sotero, desferiu três tiros no advogado Wilson Justo Filho com a intenção de matar, não para se defender. “Não houve legítima defesa. Teve um soco, mas a reação do delegado foi despropositada e não motiva por outra agressão da vítima”, afirmou o perito criminal Ricardo Molina, em coletiva realizada na manhã desta segunda-feira (28) no mini-auditório da OAB Amazonas, onde apresentou um laudo técnico sobre as imagens que captaram o homicídio triplamente qualificado do advogado ocorrido no dia 25 de novembro de 2017, nas dependências do Porão do Alemão.

Foto: Rebekah Fontes/Fato Amazônico

Essa será a tese defendida pelos assistentes de acusação, a partir da terça-feira (29) na 1ª Vara do Tribunal do Júri, quando terá início o julgamento de Gustavo Sotero, acusado de matar o advogado e ainda no mesmo processo, o mesmo réu é acusado de tentativa de homicídio contra Fabíola Rodrigues Pinto de Oliveira (esposa de Wilson), Maurício Carvalho Rocha e Yuri José Paiva Dácio de Souza.

A defesa do delegado Gustavo Sotero divulgou na noite de ontem (27), um vídeo com projeções em 3D que será utilizado durante o julgamento, para argumentar a legítima defesa. Durante a coletiva de imprensa, a advogada de acusação, Catharina Estrela, perguntou o motivo da defesa não mostrar as imagens em ordem cronológica e afirmou que o vídeo está manipulado, pois não mostra detalhes importantes. “Nós temos 3.000 páginas de processo, cada um desses documentos serão apresentados amanhã.”, disse a advogada.

Vítima Caçada

Com a análise de câmeras de segurança da casa noturna, o laudo foi apresentado pelo perito Ricardo Molina, que também contestou a “legítima defesa” de Sotero e afirmou que o delegado “caçou” Wilson durante o ocorrido.

“Segundo o laudo necroscópico, dos cinco tiros, três atingiram Wilson. Um atingiu o braço, outro o peito (o que foi fatal) e um a orelha. As imagens mostram Sotero iniciando uma caçada a Wilson dentro da casa noturna” – “O Gustavo, enquanto autoridade policial, poderia ter dado voz de prisão, mas, ao invés disso, desferiu cinco tiros em um ambiente fechado, e só não deu um sexto tiro porque a arma travou”, disse o perito criminal Ricardo Molina, ao mostrar as imagens.

Durante a coletiva, também estavam presente as três vítimas sobreviventes do ocorrido na casa noturna “Porão do Alemão”, a viúva Fabíola Rodrigues, Maurício Carvalho Rocha e Yuri José Paiva Dácio de Souza.

Fabíola Rodrigues com as filhas e o marido falecido, Wilson Justo.

Para Fabíola Rodrigues que aguarda há quase 2 anos pelo julgamento, muito emocionada disse clamar por justiça. “A minha vida é esse júri acontecer. Eu clamo por justiça! A minha dor é muito grande, eu perdi meu marido, esse cara tirou meu marido, tirou o pai das minhas filhas que pedem todos os dias pra verem o pai, pra escutar a voz dele. Perguntam se não tem telefone lá no céu para elas falarem com o pai. Isso é muito sofrido!”, disse chorando.

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