O governo peruano declarou neste sábado (22) emergência ambiental durante 90 dias úteis na área costeira atingida pelo vazamento de 6.000 barris de petróleo há uma semana –uma das consequências de um tsunami causado por uma erupção vulcânica na região de Tonga, no oceano Pacífico.

Com esta medida, as autoridades pretendem realizar “trabalhos de recuperação e remediação” para mitigar os danos.

O incidente deixou pássaros mortos flutuando no mar ou cobertos de óleo nas rochas, incapazes de voar, além de pescadores sem trabalho nas docas.

Os barris foram lançados ao mar enquanto um petroleiro descarregava na refinaria La Pampilla, localizada em Ventanilla, 30 km ao norte da capital Lima.

O óleo teria vazado no processo de descarga de uma embarcação da empresa espanhola Repsol, devido à violência das ondas que atingiram a costa peruana.

As correntes marinhas espalharam o petróleo ao longo da costa a mais de 40 quilômetros da refinaria, afetando 21 praias, segundo o Ministério da Saúde do país, que recomendou que a faixa não fosse frequentada por banhistas.

As brigadas de limpeza de óleo substituíram frequentadores de Ancón e outros resorts populares do Peru. Enormes manchas de óleo na superfície do mar podiam ser observadas em um passeio pela baía de Ancón, que fica a cerca de uma hora de Lima.

Segundo o pescador Alfredo Roque, as dificuldades para a pesca na região devem durar muito tempo, já que grande quantidade de peixes recém-nascidos morreram após o acidente.

Além dos pescadores, outras pessoas que viviam de atividades ligadas às praias ficaram sem renda, como donos de restaurantes e funcionários do comércio local.

“Não se vende nada. O peixe sai com cheiro de óleo, e as pessoas não compram, têm medo de se envenenarem”, afirma a vendedora Giovana Rugel, 52.

“Eu coletava crustáceos, mas agora, quando ando pela costa, eles estão mortos”, disse o pescador Walter de la Cruz à agência de notícias Reuters. “Nós, pescadores, vendíamos o peixe que conseguíamos. Mas agora tudo cheira à morte”, afirmou.

A Repsol afirma que não foi responsável pelo vazamento, já que as autoridades marítimas peruanas não emitiram alertas sobre um possível aumento das ondas após a erupção em Tonga.

A empresa, que entregou um plano de contenção ao governo peruano, afirma que espera concluir no final de fevereiro a limpeza de praias e áreas marinhas afetadas.

O órgão de controle ambiental do Peru calculou, segundo um relatório divulgado na quinta-feira (20), que 1,7 milhão de metros quadrados de solo e 1,2 milhão de metros quadrados no mar foram afetados pela massa negra do petróleo.

Além do vazamento de petróleo, duas pessoas morreram afogadas no litoral do Peru depois que ondas excepcionalmente altas foram registradas devido à erupção do vulcão submarino em Tonga.

A imprensa local informou que as vítimas não eram banhistas, mas duas mulheres que estavam circulando perto da praia no interior de um veículo, que foi arrastado pela água. O motorista conseguiu sair, mas sua esposa e outra jovem morreram afogadas.

A erupção do vulcão submarino causou tsunamis na capital de Tonga, Nukualofa, no Japão e na Samoa Americana.

O vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha’apai, localizado a cerca de 65 km ao norte da capital tonganesa, entrou em erupção na tarde do sábado (15). A erupção durou oito minutos e foi tão forte que foi ouvida “como um trovão distante” a mais de 800 km de distância, disseram autoridades das ilhas Fiji.

Horas depois, a agência meteorológica do Japão emitiu alertas de tsunami e afirmou que ondas de até três metros poderiam chegar à costa do país. (Folha de S.Paulo)

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