A Polícia Federal e a Força Nacional, continuam fazendo uma varredura dentro da Terra Indígena Tenharim-Marmelos, no sul do Amazonas, em busca de Stef Pinheiro de Souza, Luciano Ferreira Freire e Aldeney Ribeiro Salvador desaparecidos há mais de 16 dias. Até o momento, a operação, que conta com o apoio da Força Nacional de Segurança e do Exército, não teve sucesso.

Com o cerco da polícia, e a orientação dos índios de não saírem das aldeias a alimentação dos indígenas começa a diminuir. A informação é do líder indígena Ivanildo Tenharim, 34, que é também titular da Secretaria Municipal de Povos Indígenas da Prefeitura de Humaitá.

De acordo com ele, uma assembleia está prevista para acontecer no próximo dia 10 para definir como os índios vão se posicionar sobre o assunto.

As buscas das forças federais acontecem dentro de uma área de 497,5 mil hectares, cercada de floresta e de difícil acesso, tendo como base o quilômetro 137 da rodovia BR 230, na Transamazônica, em Manicoré (332 quilômetros de Manaus).

De acordo com o líder indígena, os índios estão sendo abordados dentro da reserva.

Comida escassa

O líder indígena disse que a demora e a espera pelo fim das buscas também estão impactando a vida dos indígenas. Ele afirma que, como tem diminuído a caça dentro da reserva e os índios compram gêneros alimentícios em Humaitá, os suprimentos estão ficando escassos nas aldeias. No total, existem quatros reservas Tenharim no sul do Amazonas e a população é de 1.200 indígenas.

“Os índios tinham ido na cidade comprar alguns alimentos. Eles estavam no caminhão que foi incendiado e tudo se perdeu. Como os homens não querem se afastar muito das aldeias para caçar pelo receio de novos ataques, a comida está acabando”, disse Ivanildo.

De acordo com ele, há também muitos casos de crianças doentes, sobretudo de gripe. Por isso, os índios querem que a Fundação Nacional de Saúde articule com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e com o Exército o envio de profissionais de saúde às aldeias.

Durante a revolta em Humaitá foram destruídos com fogo o prédio do polo-base de saúde da Fundação Nacional de Saúde, o prédio da Funai, 16 veículos e embarcações.

Silêncio

Ivanildo Tenharim, afirma que os indígenas que vivem nas aldeias não querem mais “tocar no assunto” dos homens desaparecidos. Segundo ele, antes dos violentos protestos da semana passada, havia a disposição dos Tenharim em ajudar nas buscas, mas o interesse acabou.

“A comunidade tinha decidido que iria ajudar com um mutirão nas aldeias para as buscas. Mas depois de toda aquela humilhação que causou muito sofrimento, com os parentes refugiados no quartel, pessoas de fora entrando nas aldeias e fazendo aquela bagunça toda, ninguém está mais querendo ajudar”, disse.

“Existem muitos madeireiros que têm raiva da gente porque eles não podem invadir a reserva para tirar madeira. Tempos atrás, com as operações da Funai e de outros órgãos, eles tiveram carros e tratores apreendidos e ficaram com mais raiva. O que eles fizeram foi aproveitar o momento para se unirem contra nós, se articulando com a população. Foram eles que bancaram o protesto, quando invadiram as aldeias”, disparou.

Mistério

De acordo com as investigações da Polícia Federal, o professor Stef Pinheiro de Souza, 43 e Luciano da Conceição Ferreira Freire, comerciante, partiram de Humaitá em um carro Gol por volta das 6h, do dia 16 de dezembro. No porto da cidade, eles deram carona ao gerente da Eletrobrás Amazonas Energia, Aldeney Ribeiro Salvador.

Os três deveriam viajar até o quilômetro 180 da BR 230 para chegar ao distrito de Santo Antônio do Matupi, em Manicoré, por volta das 9h, onde trabalhava Salvador. Stef e Luciano seguiriam para Apuí em viagem de mais cem quilômetros. Mas, desapareceram sem deixar pistas entre um trecho da estrada que fica dentro da Terra Indígena Tenharim. No percurso, os índios Tenharim e Jiahiu cobram pedágio considerado ilegal.

Conforme as investigações, quatro policiais militares, que estavam à paisana, viram índios Tenharim empurrando o carro Gol por voltas das 10h na região da aldeia Tabocal, que fica no quilômetro 137 da Transamazônica. A Polícia Militar diz que os soldados não estranharam a situação envolvendo os índios porque eles também são proprietários de veículos.

Fonte – Amazônia Real

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