Apesar de todo mundo saber que toda conduta tem uma consequência, ou que após um antes vem sempre um depois, é impressionante como muitas vezes na vida as pessoas se esquecem disso e agem como se não houvesse um amanhã, negando o risco ou a possibilidade de algo ruim ou desastroso acontecer.

Isso pode ser observado nesse final de semana quando os governos “flexibilizaram” as medidas de distanciamento social e os centros comerciais, os shoppings, as lojas, as praças, as academias, os salões de belezas, ficaram lotados. A conclusão de tudo isso é óbvia: a economia é que comanda à vida do homem pós-moderno.

Era tanta gente visitando esses locais que dava a impressão de que o coronavírus já foi exterminado do nosso meio. Mas não gente, ainda não temos vacina contra o Covid-19, e o perigo ainda está no ar. E segundo os especialistas, uma segunda onda será ainda maior e mais violenta!

Sendo assim, não custa nada lembrar: sair de casa só se for extremamente necessário, e não esquecer de manter o distanciamento necessário, a higienização das mãos, o uso constante do álcool gel, da máscara; estes ainda são os melhores meios de prevenção da doença.

Assim, a tirar pela reabertura do comércio, das lojas, pela multidão que lotaram os shoppings nesse final de semana, não que eu seja pessimista, mas eu penso que, em relação à pandemia de Covid-19, o pior ainda está por vir. Queira Deus que não, que toda essa minha percepção esteja errada, mas convenhamos, os seres humanos não contribuem com o trabalho divino.

E depois, a culpa será de quem? Quem pagará a conta? Será que nossas autoridades, os políticos, responderão criminalmente por essas mortes? Ou será que eles vão ficar sempre procurando uma desculpa para os novos casos da doença?

Quanto aos cidadãos que estão indo as compras, lotando os shoppings, salão de beleza, as lojas, etc., será que essas pessoas terão humildade suficiente para reconhecerem seus erros? Ou será que eles, também, como os políticos, ficarão sempre procurando culpados para os seus próprios erros?

Não é porque você ainda não contraiu o vírus, não perdeu algum parente ou amigo, que deve se descuidar das medidas de previsão. O brasileiro precisa sair desse universo paralelo criado por certos políticos, principalmente pela nossa autoridade máxima, o senhor Presidente da República, para quem ninguém morre de Covid-19, é só uma gripezinha. Um verdadeiro absurdo!  

Ainda estamos vivendo um momento complicado, e quem fala o contrário, seja o comerciante, o médico, o padre, o pastor, o político, mente, e não merece crédito. Não confiei em ninguém que diz que “o pior já passou”. Continue em vigília, praticando as medidas de distanciamento social, evitando aglomerações, só assim sairemos dessa pandemia vivos.

Por fim, o que está acontecendo no Brasil agora é a mesma coisa que acontece com pessoas que fazem sexo sem camisinha, não pensam no risco de uma gravidez ou de contrair doenças. Assim como, de pessoas que se envolvem em relacionamentos paralelos achando que nunca serão descobertos; de pessoas que contraem dívidas sem avaliar suas possibilidades de pagamento; ou de pessoas que cometem atos ilícitos acreditando numa perene impunidade. Ledo engano. Uma hora à conta chega.

Luís Lemos

Filósofo, professor universitário e palestrante. Autor dos livros: O primeiro olhar – A filosofia em contos amazônicos (2011), O homem religioso – A jornada do ser humano em busca de Deus (2016); Jesus e Ajuricaba na Terra das Amazonas: Histórias do Universo Amazônico (2019). E-mail: [email protected]

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