ESTADÃO – Centenas de quilômetros de congestionamentos e o caos nos transportes públicos marcaram nesta segunda-feira, 9, o quinto dia de greve na França contra a reforma da Previdência do governo do presidente Emmanuel Macron, que enfrenta um teste crucial para seu projeto.

A paralisação nos transportes provocou cenas de caos, sobretudo em Paris, com poucos trens e linhas de metrô em circulação e mais de 500 km de engarrafamentos. 

Nesta manhã, 9 das 15 linhas de metrô da capital francesa estavam completamente fechadas e apenas 2 – 100% automatizadas e que circulam sem condutor – funcionavam normalmente.

500 km de engarrafamento

Diante da falta de transportes públicos e de fortes chuvas, muitos franceses foram obrigados a utilizar os próprios veículos, o que gerou mais de 500 km de engarrafamentos na região de Paris às 8h00, três vezes acima do normal.

Sete das 25 garagens de ônibus de Paris amanheceram bloqueadas por grevistas e apenas um terço dos veículos saiu às ruas.

A empresa estatal de ferrovias SNCF cancelou ao menos 80% das viagens dos trens de alta velocidade e advertiu para o risco de saturação nas estações. 

Nova jornada de greve e inquietação

A situação não deve melhorar na terça-feira, dia em que os sindicatos convocaram uma nova jornada de greve e manifestações, após o sucesso da paralisação da última quinta, que levou 800 mil pessoas às ruas.

A prorrogação da greve inquieta os empresários, que até agora previam um impacto moderado, mas que temem um agravamento com bloqueios e escassez de combustíveis no período das festas de dezembro.

A mobilização é um protesto contra um “sistema universal” de aposentadorias, que pretende substituir os atuais 42 regimes de aposentadoria existentes.

O governo francês promete um dispositivo “mais justo”, mas os críticos – quase todos os sindicatos e a oposição de esquerda – afirma temer uma “precariedade maior” para os aposentados.

O projeto de reforma da Previdência ainda não foi revelado na íntegra, mas o governo já divulgou várias mudanças previstas. O Executivo pode propor uma transição de 10 a 15 anos entre os regimes atuais e o futuro sistema. Sob forte pressão, o Executivo pretende apresentar o projeto completo na quarta-feira.

Reunião

Nesta segunda-feira, Macron receberá os principais ministros de seu gabinete para concluir os detalhes do projeto, que, segundo os influentes sindicatos do país, obrigará os franceses a trabalhar por mais tempo para receber uma pensão menor.

O alto comissário Jean-Paul Delevoye, que redigiu a reforma, se reunirá com representantes dos sindicatos para tentar superar o bloqueio.

Mas os sindicatos estão determinados a manter a disputa. “Não cederemos até a retirada da reforma, da qual não existe nada de bom”, disse Philippe Martinez, secretário-geral da CGT, uma das principais centrais sindicais do país.

Uma pesquisa publicada no domingo mostrou que 53% dos franceses apoiam a greve ou expressam simpatia por suas demandas, o que representa um aumento de seis pontos porcentuais em uma semana.

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