“Este Natal será muito diferente”, afirmou na noite deste sábado (31) o premiê britânico, Boris Johnson, ao seguir os passos de Alemanha e França e anunciar um novo bloqueio, a partir de quinta (5).

Assim como nas duas outras potências europeias, o confinamento para conter o repique da Covid-19 será parcial: escolas seguirão funcionando, assim como empresas em que o trabalho remoto é impossível; e bares e restaurantes poderão fazer entregas. Até 2/12, cinemas, teatros, academias, cabeleireiros e lojas não essenciais ficarão fechadas, e viagens internacionais só são permitidas a trabalho.

“Tomando medidas duras agora, podemos permitir que famílias de todo o país fiquem juntas no final do ano”, disse o premiê no comunicado transmitido pela TV e por redes sociais.

Os governos europeus tentavam evitar um novo confinamento porque o primeiro, de meados de março a meados de maio, abateu seriamente a economia. No Reino Unido, as previsões mais recentes anteveem uma retração de 10% no PIB. Mas o contágio do coronavírus cresceu tão rapidamente a partir de setembro que superou a capacidade de teste e rastreamento, deixando a epidemia de novo fora de controle.

Segundo o diretor médico da Inglaterra, Chris Whitty, há um aumento no número de internações hospitalares em todas as faixas etárias de adultos e o contágio é preocupante entre os maiores de 60 anos, mais suscetíveis a complicações e morte.

Boris afirmou que as restrições são indispensáveis para evitar um colapso no sistema de saúde. “Médicos e enfermeiras seriam forçados a escolher quais pacientes tratar, quem viveria e quem morreria”, afirmou.

Cálculos de epidemiologistas chegaram a prever que, sem restrições para interromper a transmissão, o Reino Unido poderia chegar a 4.000 mortes por dia. Nos últimos dias, o número está bem longe dessa previsão, em torno de 300, segundo a agência europeia de doenças transmissíveis (ECDC). Mas o cientista-chefe britânico, Patrick Vallance, disse que o contágio está acelerado e os cálculos mostram, “em todos os cenários, potencial para que a segunda onda seja o dobro da primeira, ou ainda pior”.

Nas duas semanas encerradas neste sábado, o Reino Unido registrou cerca de 450 novos casos por 100 mil habitantes, mais que o dobro da marca alemã (195/100 mil), mas ainda longe dos 741/100 mil novos doentes na França. Desde o começo da pandemia, o Reino Unido registra o terceiro maior índice de mortes em relação à sua população na Europa, atrás de Bélgica e Espanha.

O premiê pediu aos pais que mandem as crianças para a escola: “Não podemos permitir que esse vírus prejudique o futuro de nossos filhos ainda mais do que já fez”.

Na França e na Alemanha, os governos também mencionaram que a paralisação das aulas atingem mais duramente os alunos mais pobres, aumentando a desigualdade.

O resto da população deve ficar em casa, a não ser para atividades essenciais, e o governo vai manter o esquema de apoio a trabalhadores e empresas afetados pela paralisação.

Boris encerrou o anúncio com ”os três raios de sol do otimismo” de seus conselheiros médicos e científicos: a perspectiva de medicamentos melhores, de uma vacina viável e “as esperanças que colocamos” em um sistema de testes rápidos em todo o país.

A partir de segunda, a Bélgica também entra em bloqueio parcial, nos mesmos moldes dos outros países. (Folha de S.Paulo)

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