As instalações multimídia da residência “Sonhário” serão o foco do e-book homônimo, a ser lançado no Instagram @sonhario_residencia neste sábado (15), e disponibilizado no link da biografia da conta. Trata-se de um catálogo de obras produzidas pelo projeto, que possui objetos tridimensionais e relatos de sonhos noturnos de colaboradores voluntários.

A obra possui imagens dos trabalhos desenvolvidos, seguidas dos depoimentos acerca de cada sonho. “Além disso, também dispõe de um texto de apresentação escrito por mim, fora relatos dos artistas sobre como foi trabalhar em conjunto, tendo os sonhos enquanto guias”, afirma a artista visual Bruna Mazzotti, idealizadora do projeto.

O projeto de artes integradas foi contemplado pelo edital Prêmio Feliciano Lana, Lei Aldir Blanc, através da Secretaria de Cultura do Amazonas. Os trabalhos possuem autoria de Bruna Mazzotti (artista visual), Rafael César (poeta e artista cênico), Brenda Carvalho (dançarina) e Alonso Júnior (fotógrafo e profissional do audiovisual). “Ao todo, foram em torno de 120 relatos de sonhos que recebemos. Nos deixamos levar pela sugestiva de cada um deles para compor trabalhos em mídias diversas”, coloca Bruna.

Percepções

Os seguintes trechos de relatos oníricos, por exemplo, são: “(…) eu nem estava (…) corpo a corpo (…) eu estava (…) de longe (…) não havia ninguém comigo (…) Olhávamos um para o outro, apaixonadamente (…) e aí eu senti meu corpo pesar demais e se ‘derreter’/desfazer (…) peguei o celular pra pedir ajuda (…) “. Estes, dentre outros, motivaram a série de obras multimídia nomeada “Conversações”, que também compõem o projeto, com autoria dos quatro artistas participantes (Bruna, Rafael, Brenda e Alonso).

Dentro da série “Conversações”, o destaque vai para o trabalho nomeado “Já visto”, que consiste de duas duplas de celulares, uma de frente para outra. Em cada dispositivo, é exibido um material audiovisual de cada artista – o que dá uma impressão de videochamada ou, por vezes, de um espelho – já que a tela de um celular reflete o vídeo da tela de outro celular.

Para Bruna, um sonho é vivenciado e é um acontecimento único, que te põe em contato com experiências únicas ao dormir. Experiências essas que são íntimas: ninguém mais vê o sonho além do sonhador. Daí surge o desafio em transpor a instalação para um livro digital.

“Assim, um sonho só pode ser comunicado através de uma narrativa em palavras, que faz o ouvinte poder imaginar como se foi a experiência do sonhar. Desse modo, quando um sonho vira relato, perdem-se alguns detalhes, mas se ganham outros, pela imaginação. Acredito que isso se trata de uma sensibilidade”, conta ela.

O designer gráfico Gabriel Andrade foi inspirado pelo estilo minimalista de Bruna para projetar a parte gráfica da obra. “E pelo encanto e fascínio que tenho na forma como ela enquanto artista trabalha com formas bidimensionais, que se assemelham com garranchos e que gritam nossas dores íntimas. Por isso, busquei utilizar trações simples desenhados a mão, mas que carregam uma expressão forte sobre o que queremos comunicar de mais bruto em nosso ser. Rabiscos e garranchos que revelam um misto de sentimentos aliados ao imediatismo em se comunicar sem muitos artifícios. É nessa atmosfera que nasce o catálogo do ‘Sonhário’”.

Colaboração

Os trabalhos resultantes da residência estão sendo doados para dois acervos: o acervo do CAUA – Centro de Artes da UFAM e o Acervo do Museu da Imagem e do Som (MIS-AM), equipamento cultural da SEC – Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas.

Artigo anteriorVacina contra covid para crianças começa a ser entregue aos municípios neste fim de semana, diz governador
Próximo artigoHomem é acusado de matar a facadas ex-namorada e filho autista na frente de um bebê