O presidente em exercício do Santos, Orlando Rollo, abriu a “caixa preta” das finanças do Peixe. Em entrevista à Rádio Transamérica, o mandatário explicou a situação da dívida de cerca de R$ 30 milhões criada na contratação de Cleber Reis, o Hamburgo, da Alemanha, em 2017, e falou que o clube “chegou na beira do abismo”

“São dias de bastante trabalho aqui no Santos. Quase 18 horas de trabalho por dia, não estou nem conseguindo dormir. Abrimos a caixa preta das finanças do Santos durante a semana, apresentei as contas e os números para todos os candidatos à presidência do Conselho. Abri o clube para todo mundo, agora é gestão transparente. No primeiro momento, e eu digo primeiro momento porque tem o segundo e o terceiro momento, que são as outras dívidas a curto prazo, realmente essa do Hamburgo é a mais urgente porque se ela não for saldada até o dia 13, que é o entendimento do nosso jurídico, o Santos tem, sim, a possibilidade da perda de pontos no Campeonato Brasileiro, além de ser eliminado da Libertadores”, esclareceu.

“A situação é catastrófica, pior do que qualquer um possa imaginar. E o nosso foco total é a renegociação ou o pagamento dessa dívida com o Hamburgo. A gente deve a curto prazo aproximadamente R$ 53 milhões a serem pagos nos próximos dias, sem expectativa de receita. O clube chegou na beira do abismo”, acrescentou.

Rollo ainda aprofundou as possibilidades de punições que o Santos pode levar dentro de campo caso não consiga quitar a dívida com o clube alemão, que já proibiu o Peixe de inscrever novos atletas. O não pagamento dos valores dentro do prazo pode gerar prejuízos ao Alvinegro tanto na Copa Libertadores como no Campeonato Brasileiro.

“Veja bem, existem essas possibilidades. Não é que se o Santos não pagar, estará eliminado da Libertadores. Calma, não é isso. Existe essa possibilidade, e a gente tem que trabalhar com a verdade para o torcedor. A gente não pode omitir, falar que está bem se não está. Se a gente não pagar até o final dessa terceira janela de transferência internacional, com prazo até o dia 13, o Santos estará, a partir dessa data, passível de ser punido. A punição mais usual dessa terceira etapa é a perda de pontos, assim como foi com o Cruzeiro. Entretanto, existe, sim, conforme o nosso departamento jurídico nos alertou ontem, em reunião com candidatos de todos os grupos, também a possibilidade do rebaixamento. São punições previstas nos regulamentos internacionais. Então, não é que se o Santos não pagar até o dia 10 ou dia 13, porque existem dois entendimentos, estará rebaixado. A partir dessa data, o Santos pode sofrer a punição a qualquer momento, quando houver o julgamento”, declarou.

O dirigente também afirmou que está em contato com o presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos, e o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, para tratar da situação financeira do Santos. Além disso, ele não descartou possíveis vendas de jogadores.

“Eu humildemente tenho que falar que não sou o salvador da pátria e não tenho vocação para isso. Mas, tenho que me esforçar ao máximo. Fui eleito vice-presidente em 2017, fui alçado agora à presidência através do afastamento do ex-presidente, e, com muita humildade, estou pedindo o apoio e a ajuda de todos os santistas. Agora é hora de união. Eu já marquei uma reunião com o presidente Reinaldo na Federação Paulista, já conversei com o Walter Feldman na CBF, e não descarto, com a anuência do Conselho Deliberativo, a eventual venda de algum jogador e o adiantamento de alguma cota. O problema é que as cotas deste ano, que o Santos receberia de maneira ordinária até dezembro, o ex-presidente já adiantou tudo. O caixa está zerado, não temos mais recebíveis”, disse.

Perguntado sobre a real possibilidade de o pagamento ao Hamburgo ser feito dentro do prazo, Orlando Rollo não escondeu a gravidade do cenário. Segundo ele, a gestão de José Carlos Peres atrapalhou a credibilidade do Santos no mercado e afirmou que o ex-presidente se tornou “motivo de chacota” no meio do futebol.

“Olha, é muito difícil, mas estamos trabalhando nesse sentido. Eu pretendo honrar o mandato e a confiança que eu adquiri dos sócios do Santos, e nós estamos tentando. Eu estou batendo em todas as portas. O problema é que o Santos, com o advento dessa gestão passada, perdeu toda e qualquer credibilidade e referência no mercado. Ir atrás de patrocínio, empréstimo e parceria, com a referência que o mercado tem da gestão do Santos se tornou uma missão quase impossível. Todo mundo que milita no meio do futebol, não o torcedor geral, tem o ex-presidente do Santos como motivo de chacota. Isso é fato notório e dificulta muito na busca por investimentos. Estamos há três dias de maneira ininterrupta demonstrando que a gestão mudou, que queremos passar uma nova mensagem para o mercado e que o nosso foco é pagar as contas”, concluiu. (Gazeta Esportiva)

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