O candidato à prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno (Republicanos), adotou a pauta da Cracolândia como uma das bandeiras de sua campanha. Nesta eleição, no entanto, o deputado e apresentador de televisão resolveu adotar uma estratégia menos repressiva para tratar do tema, diferentemente do que fez em 2016, quando propôs “isolar a região”.

Em declaração feita na terça-feira (13) durante encontro com representantes da Associação Comercial de São Paulo, no entanto, Russomanno voltou a demonstrar seu olhar higienista com relação à população em condição de vulnerabilidade social.

Ele disse, ao criticar as medidas de isolamento contra o coronavírus adotadas pelo atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), que pessoas em situação de rua e frequentadores da Cracolândia podem ser “mais resistentes” à Covid-19 por, supostamente, não tomarem banho.

“Todo mundo esperava que a Covid tomasse conta de todo mundo, até porque, eles não têm o afastamento que foi pré-estabelecido pela OMS…e, eles estão aí, nós temos casos pontuais, e não temos uma quantidade imensa de moradores de rua com problema de Covid. Talvez eles sejam mais resistentes do que a gente, porque eles convivem o tempo todo nas ruas, não tem como tomar banho todos os dias, etc e tal”, disparou o bolsonarista, que lidera as pesquisas de intenção de votos.

A possibilidade de pessoas que não tomam banho serem mais resistentes à doença causada pelo coronavírus, no entanto, não encontra qualquer respaldo científico. As recomendações de especialistas para evitar o contágio da Covid-19, inclusive, passam, principalmente, pela manutenção de hábitos básicos de higiene, como lavar as mãos com frequência.

Não há dados consolidados para que a declaração de Russomanno sobre uma suposta resistência da população de rua à Covid-19 encontre respaldo. Números da prefeitura de São Paulo, por exemplo, mostram que, de abril a agosto, 294 pessoas em situação de rua foram diagnosticadas com Covid-19. Desse total, 30 foram a óbito. A quantidade, no entanto, pode ser ainda maior, já que muitas pessoas em situação de rua não possuem cadastro junto às secretarias responsáveis para que possam ser monitoradas.

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