Os centros históricos são representações amplas do patrimônio edificado, cultural e histórico, em uma visão ampla do urbanismo. Mas eles requerem dos seus habitantes e moradores que ali vivam plenamente, no sentido de ocupar o espaço e ter o direito à cidade. Esse é um dos conceitos desenvolvidos durante o 1º Seminário Internacional de Reabilitação de Áreas Centrais, um evento do Porto Digital em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que teve presença da Prefeitura de Manaus, com a equipe do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb).

Durante o seminário virtual, foram expostas e trazidos ao debate práticas nacionais e internacionais voltadas à reabilitação de territórios e tecidos históricos, apresentando modelagens inovadoras, casos de sucesso e temas como mobilidade e legislação para indução urbanística.

Com um centro histórico representativo, a Prefeitura de Manaus tem lançado uma série de projetos, dentro do “Nosso Centro”, para promover a reabilitação do espaço com base em modelos aplicados em grandes centros mundiais e economicamente sustentáveis.

Para o diretor-presidente do Implurb, engenheiro Carlos Valente, esse primeiro seminário apresentou experiências de grande relevância, como os cases de Barcelona (Espanha), Nantes (França), Hafencity (Alemanha), Porto (Portugal), entre outras na América Latina, que conseguiram fazer uma virada arquitetônica e resgatar a pujança econômica, se transformando em centros turísticos mundiais.

“Mostrou alguns eixos que estão em sintonia com o que estamos projetando para Manaus. Um dos eixos é incentivar a ocupação habitacional no Centro, como foi feito em Barcelona, Madri, Espanha e Nantes, provando que a diretriz funciona mundialmente. É um equívoco reabilitar áreas centrais sem a presença de moradores”, ressaltou.

Carlos Valente lembrou que o “Nosso Centro” tem foco no incentivo à construção de habitações e na diversidade e multiplicidade da escala de pessoas. “Se achava que o Centro deveria ser mais comercial, de serviços ou turismo. Na realidade tem que se buscar uma vivência harmônica integrada de todos os grupos e múltipla, de todos os usos. Sem esquecer do uso habitacional. Isso vai promover a reabilitação”, disse.

Reabilitar é um conceito mais amplo do que requalificar e revitalizar, fazendo a integração de usos, convivências e ambiências com o patrimônio histórico. “Não adianta ter o tratamento do patrimônio histórico apenas contemplativo. Barcelona percebeu que a cidade precisava fazer uma via que mudasse o eixo de acessibilidade para se integrar ao mar, para abrir a cidade ao mar. Tiveram que demolir cerca de cinco quadras de edificações históricas e criaram um enorme boulevard. Isso tem que ser feito com responsabilidade, equilíbrio e equidade, mas é possível fazer”, reforçou.

A reabilitação é a tendência observada para intervenção e estudo das construções existentes com o tecido urbano em todos os sentidos, social, econômico, ambiental, urbanístico e turístico. “E Manaus se coloca como proposta para chamar atenção nacional e internacional”, completou Valente.

Outro eixo cada vez mais comum é o das intervenções em edifícios que mudam de uso ou se tornam de múltiplos usos. Os projetos de intervenção em construção existente, seja ela patrimônio ou não, impõe o questionamento de como se quer que o novo se relacione com o antigo. As diversas experiências do seminário vão permitir que as equipes do Implurb estruturem programas e políticas públicas de reabilitação e preservação do centro histórico da capital.

Artigo anteriorApple revela novos MacBooks, AirPods e serviço de música a US$5
Próximo artigoRicardo Nicolau deverá se filiar ao Solidariedade, de Bosco Saraiva, para disputar o Governo do Estado