Cinco anos após a morte do menino refugiado Aylan Kurdi no Mediterrâneo, imagem que irou símbolo da crise migratória, a organização Save the Children continua a acusar a UE de graves falhas em sua política de migração.

“Crianças ainda morrem às portas da Europa, e os chefes de Estado e de governo estão ignorando isso”, criticou a diretora para a Europa da entidade humanitária, Anita Bay Bundegaard nesta quarta-feira (02/09) em Bruxelas, durante a divulgação de um relatório da ONG sobre os direitos infantis na política europeia de refúgio e migração.

Em 2 de setembro de 2015, Aylan Kurdi, de três anos, morreu afogado próximo à costa da Turquia quando cruzava o Mediterrâneo. A imagem dele morto na praia deu a volta ao mundo. “Os chefes de Estado e de governo da UE foram os primeiros a dizer ‘nunca mais’ depois da morte de Aylan Kurdi”, frisa Anita Bay Bundegaard, afirmando que os menores agora estão expostos a riscos ainda maiores ao fugir para a Europa. Nos últimos cinco anos, pelo menos 700 crianças morreram tentando atravessar o Mar Mediterrâneo para a Europa.

No relatório, intitulado Protection Beyond Reach (Proteção além do alcance), a Save the Children examina como o tratamento dado pela UE às crianças e adolescentes refugiados mudou desde 2015. No total, cerca de 210 mil menores não acompanhados solicitaram refúgio na União Europeia nestes cinco anos. A maioria vem do Afeganistão, Síria e Eritreia e vive na Alemanha, Grécia, Itália e Suécia. O número real de crianças e adolescentes viajando sozinhos é presumivelmente muito maior. Muitos deles levam uma existência à margem das estatísticas oficiais, ameaçados por violência policial, exploração e abuso.

A Save the Children apela à UE para que priorize os direitos da criança em uma reforma da política de refúgio e migração do bloco. A entidade argumenta que a Europa deve aprender com lições do passado e reivindica que as crianças refugiadas tenham acesso imediato a refúgio e proteção; que menores não possam ser confinados e cobra uma facilitação do direito a refúgio na Europa como, por exemplo, através de uma regra simplificada de reunificação familiar.

O documento aponta que a probabilidade de se obter direito de permanência na UE diminuiu significativamente nos últimos anos. Segundo o texto, crianças e adolescentes que chegam ao continente desacompanhados vivem em constante temor de serem presos ou deportados.

A Save the Children relata que muitos países da UE fecharam as suas fronteiras e endureceram as suas regras de acolhida. “É inaceitável o modo como a Europa trata as crianças mais carentes”, enfatizou Bundegaard. Com informações de DW/MD/kna/epd/afp.

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