Investigações conduzidas pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) apontam que o roubo a banco cometido por uma quadrilha, no Paranoá, na madrugada dessa segunda-feira (13/6), foi encomendado e financiado pela facção criminosa carioca Comando Vermelho (CV). A coluna havia revelado que a ordem para cometer o crime partiu de detentos que cumprem pena em uma penitenciária do Mato Grosso.

Os investigadores estimam que pelo menos 15 pessoas tenham participado do ataque. Sete delas foram presas em flagrante pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e liberadas, na tarde dessa terça (14), após audiência de custódia. Na delegacia, dois criminosos apresentaram nomes falsos. O grupo é proveniente do Mato Grosso e tinha passagens na polícia daquele estado.

A suspeita é de que os foragidos tenham escapado com cerca de R$ 100 mil, além de armas e coletes balísticos que estavam na agência. Fontes ligadas às investigações detalharam à reportagem que o crime foi planejado, por telefone, com um criminoso que cumpre pena no sistema penitenciário.

A facção teria sido responsável por financiar e organizar a empreitada criminosa. As cerca de 15 pessoas contaram com apoio de três carros — um dos veículos chegou a ser apreendido. Os suspeitos trocaram tiros com a PM.

Cada integrante do grupo tinha função definida. Alguns assumiram a tarefa de vigiar o local, e outros, de serrar as grades e conduzir veículos na fuga. Um dos suspeitos relatou que chegou ao local por meio de transporte por aplicativo e cobrou R$ 2 mil para ficar de “vigia”.

O caso foi registrado e apurado, incialmente, na 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá). As investigações, contudo, agora serão conduzidas pela Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri).

Flagrante

Um vigilante percebeu a movimentação do bando ainda na madrugada. Ele ouviu o barulho de serra e ligou para o 190. Quando chegaram ao local, policiais militares perceberam que um dos vidros do banco estava quebrado, e a grade, cortada. Durante varredura, os PMs viram pessoas no telhado da agência, momento em que os suspeitos efetuaram disparos de arma de fogo. A polícia revidou.

Após negociações, dois homens desceram do telhado e se entregaram, sem apresentar resistência. Um terceiro, contudo, tentou fugir, mas acabou detido. Em seguida, outra equipe que prestava apoio encontrou um carro parado em um estacionamento nas imediações.

No veículo, havia quatro suspeitos, que, ao serem abordados, acabaram detidos. Segundo a PM, outros três automóveis também foram vistos trafegando pela avenida do Paranoá durante a abordagem. No local do crime, apreenderam ferramentas como chave de fenda e marreta.

Uma das pessoas detidas é uma grávida, de 21 anos, nascida em Mato Grosso. Morando no Distrito Federal há cerca de dois meses, a mulher coleciona passagens por tráfico de drogas e estelionato. Ela narrou que estava em um parque de diversões quando um grupo a chamou para para ir até o banco. Confessou que sabia que os suspeitos planejavam cometer o crime, mas afirmou que não participou porque acabou desistindo de última hora.

Sobre a facção

O Comando Vermelho é uma das maiores facções criminosas do Brasil. Fundada em 1979, no presídio Cândido Mendes, Ilha Grande, Rio de Janeiro, disputa território com o Primeiro Comando da Capital (PCC) desde 2016. Composto, em sua maioria por jovens, o CV é considerado um dos grupos mais sanguinários.

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