É comum que as festas de fim de ano sejam, muitas vezes, um período delicado, por causar sentimentos de tristeza e frustração para muitas pessoas, a chamada “depressão de fim de ano”. Segundo o CVV (Centro de Valorização da Vida), historicamente, as ligações para o canal aumentam em cerca de 20% no mês de dezembro, especialmente na época do Natal e Réveillon.

“Devemos ficar atentos aos sinais de ideações suicidas de amigos e familiares o ano inteiro, mas nessa época do ano a atenção deve ser redobrada”, alerta Filipe Colombini, psicólogo e fundador da Equipe AT.

E mais: a alta de suicídios no Brasil é algo alarmante: mais de 14 mil pessoas tiraram a própria vida no ano passado, segundo o DataSUS, número que ultrapassa a quantidade de vítimas fatais em acidentes de moto. “Culturalmente, o final do ano é o momento de confraternização, com família e amigos, e, por isso, é natural refletir sobre o ciclo que chega ao fim e, muitas vezes, sentir-se desgostoso devido a solidão, metas não alcançadas e saudade de pessoas queridas. Para alguns indivíduos, acontece até mesmo o agravamento de um quadro já existente, quando fica evidente para eles que não existe um bom relacionamento familiar”, explica o psicólogo.

Esse tipo de situação de estresse ou pressão social costuma afetar a autoestima e, em geral, tem maior impacto em pessoas que já convivem com um quadro de transtorno mental. “É importante ficar atento ao padrão comportamental de quem está próximo. Nas festas de fim do ano, muitas vezes os sinais de que a pessoa está deprimida podem ser mais evidentes, mostrando a necessidade de se procurar ajuda”, afirma Colombini. 

O psicólogo conta que o filme de Frank Capra “A Felicidade Não se Compra” retrata um caso clássico de ‘depressão de fim de ano’, no qual o protagonista, que está à beira do suicídio, é convidado pelo seu anjo da guarda a ver a vida por outro ângulo. “Na vida real, é importante que as pessoas tenham o apoio adequado de membros do seu ciclo familiar e de amizades, que podem cumprir esse papel protetor e realmente ajudar a salvar vidas. Para isso, é preciso olhar atentamente e procurar ou indicar suporte psicológico e psiquiátrico para quem estiver precisando”.

“Em momentos de maior sensibilidade, é essencial praticar a audiência não punitiva, ou seja, buscar não invalidar ou castigar alguém pelo que ela está sentindo. O importante é ouvir, acolher e tentar compreender aquela pessoa sem julgamentos ou comparações, que, por mais bem intencionadas que sejam, podem piorar a situação”, diz o psicólogo. “Quando mudanças no padrão comportamental são perceptíveis e sinais de ideação suicida começam a aparecer, é preciso acionar ajuda profissional imediatamente. Se houver resistência, uma boa dica é buscar o trabalho de AT, acompanhamento terapêutico, linha de psicoterapia que atende dentro da residência do paciente e/ou em outros ambientes fora do consultório”, conclui.

Mais sobre Filipe Colombini: psicólogo, fundador e CEO da Equipe AT, empresa com foco em Acompanhamento Terapêutico (AT) e atendimento fora do consultório, que atua em São Paulo (SP) desde 2012. Especialista em orientação parental e atendimento de crianças, jovens e adultos. Especialista em Clínica Analítico-Comportamental. Mestre em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Professor do Curso de Acompanhamento Terapêutico do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas – Instituto de Psiquiatria Hospital das Clínicas (GREA-IPq-HCFMUSP). Professor e Coordenador acadêmico do Aprimoramento em AT da Equipe AT. Formação em Psicoterapia Baseada em Evidências, Acompanhamento Terapêutico, Terapia Infantil, Desenvolvimento Atípico e Abuso de Substâncias.

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