Cerca de um ano após virar mania nas redes sociais com um filtro de envelhecimento de rostos, o aplicativo russo FaceApp voltou a viralizar. Desta vez, com um filtro de “troca de gênero”, que permite a um homem saber como seria sua cara se fosse mulher (e vice-versa). A mudança, porém, fica só no exterior: mesmo com mudanças em seus termos de uso, o app segue entregando a terceiros aos dados de quem o utiliza. As informações são de Estadão.

Na primeira vez que surgiu, o app da desenvolvedora russa Wireless Lab foi criticado por entregar dados dos usuários a anunciantes e por ter uma política de privacidade vaga e permissiva. Nesse retorno, o FaceApp deu um banho de loja nos termos de uso, deixando algumas práticas mais claras. Porém, quase nada mudou em relação ao que o serviço coleta e aquilo que faz com as informações. 

Segundo a nova política de privacidade, o FaceApp continua coletando as atividades online dos usuários por meio de cookies e outras ferramentas instalados no dispositivo, o que permite monitorar páginas e sites navegados, além do tempo gasto em cada uma delas. A empresa afirma ainda que essas informações podem ser repassadas a parceiros e anunciantes do site. 

É coletado também o número de identidade do aparelho, que revela o número de IP (o ‘CEP’ de cada aparelho na internet) e o Advertising ID (uma identificação usada para criar o perfil de consumidor do usuário). Tudo isso já fazia parte das políticas do serviço e são práticas similares ao que muitos sites já fazem na internet. 

O que o FaceApp deixa claro agora é que vai coletar as informações de rede social caso o usuário opte pelo login usando o seu perfil no Facebook. Entre elas estão nome completo, número de amigos, e dependendo das configurações, os nomes nas listas de amigos. O site diz que respeita os limites impostos por essas plataformas, e deixa claro que é o usuário que deve alterar as configurações de privacidade caso queira impor limites ao que é coletado. 

Outras duas novidades é que agora o FaceApp deixa claro que as fotos carregadas são criptografadas e deletadas num período entre 24 horas e 48 horas. Mas esse tipo de proteção só vale para as fotos e não para as outras informações coletadas pelo app. 

Chama também a atenção um aviso presente nas duas versões do documento: “O FaceApp não pode garantir a segurança de nenhuma das informações que você transmite ao FaceApp ou garantir que as informações no aplicativo não sejam acessadas, reveladas, alteradas ou destruídas”. O trecho parece se referir a informações que o usuário ativamente fornece ao app, como o nome, mas não está claro se isso vale também para os cookies, que, teoricamente, são também cedidos após o consentimento do usuário.  

“Esse trecho é ruim. Não se responsabilizar por invasão da plataforma ou incidentes de segurança não funciona e é incompatível com a legislação europeia e a legislação brasileira”, diz Carlos Affonso Souza, diretor de Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio). 

“Os usuários deste aplicativo têm que estar cientes disso: é mais uma empresa em que você está dando seus dados pessoais e alimentando a base de dados. A pessoa que se preocupa com a sua privacidade não vai instalar esse tipo de aplicativo”, diz Assolini.

Artigo anteriorIntegrantes do Bolsa Família começam a receber 3ª parcela de auxílio
Próximo artigoMesmo sem redução no repasse do Fundeb, prefeito de Nova Olinda reduz salários e pode responder por improbidade