Familiares, amigos e personalidades do meio jurídico se despediram, neste domingo (23), do defensor público Antônio Ederval de Lima, 66, que faleceu na madrugada deste sábado, 22, vítima de um infarto. O corpo do defensor foi velado na sede da Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), no Aleixo, Zona Centro-Sul de Manaus, e a cerimônia de cremação foi realizada no cemitério Recanto da Paz, em Iranduba, às 15h.

Antônio Ederval de Lima se dedicou, durante toda a sua trajetória na Defensoria, a cuidar com zelo e diligência da defesa dos mais necessitados, especialmente no Tribunal do Júri, em julgamentos que não raras vezes estavam envoltos de comoção pública e que despertavam o interesse da imprensa. Antônio Ederval estava nos quadros da Defensoria desde quando a instituição foi criada, em 1990.

Para o defensor público-geral, Ricardo Paiva, o falecimento de Antônio Ederval representa uma grande perda para a Defensoria Pública. “Dr. Ederval era um ícone do Tribunal do Júri. Um admirável colega que marcou a vida de diversas pessoas com quem teve contato na plenária do Júri. Inspirou pessoas, transmitiu conhecimento e, com sua irreverência, sempre colocou o seu melhor no mister que desempenhava”, afirmou.

O prefeito de Manaus, Arthur Neto, também lamentou o falecimento do defensor público. Em nota divulgada à imprensa, o prefeito manifestou pesar. “Antônio foi um grande defensor da Justiça, sem olhar a quem, cumpria seu dever no Tribunal do Júri com veemência, atuando em casos complicados e importantes de interesse de toda a sociedade. A Defensoria Pública do Estado do Amazonas perde um grande profissional e familiares e amigos perdem um grande homem”, disse.

A primeira-dama e presidente do Fundo Manaus Solidária, Elisabeth Valeiko Ribeiro, também lamentou a morte do defensor público. “Deixo meus sentimentos aos familiares e amigos para que possam ter o conforto neste momento difícil. Antônio merece ser lembrado por todos pelo grande trabalho que fez em prol da Justiça no Amazonas”, afirmou, na nota de pesar divulgada pela Prefeitura de Manaus.

Tribunal do Júri

O advogado Eguinaldo Gonçalves de Moura, que atua no Tribunal do Júri há 19 anos, disse que aprendeu muito com o defensor Antônio Ederval, de quem se tornou amigo. “O Ederval é uma figura, um ícone. Eu aprendi muito com ele sentado naqueles bancos do Tribunal do Júri, como estudante. E aprendi muito atuando do lado dele. Era uma pessoa dedicadíssima, que podia ser o caso mais complexo que se possa imaginar. Mas ele dava a vida por aquela pessoa que estava defendendo”, afirmou.

Eguinaldo sustentou ainda que sempre que voltar ao Tribunal do Júri vai homenagear o defensor Antônio Ederval. “Sempre vou citá-lo e vou dizer o quanto ele foi um mestre para todos os advogados que atuam no Tribunal do Júri”, disse.

Os juízes Mirza Telma de Oliveira e Celso Souza de Paula também conviveram com o defensor Antônio Ederval no Tribunal do Júri e manifestaram seus sentimentos. “Dr. Ederval era um homem e um profissional singular, de grande inteligência, que exercia seu mister com paixão. Tudo o que fazia e dizia em suas defesas, tinha o objetivo de conseguir o melhor para o réu. O Júri perde um grande e bravo lutador. O Amazonas perde um grande guerreiro”, disse Mirza Telma.

“Nós, do 1º Tribunal do Júri, estamos muito sentidos com a partida do Dr. Ederval. Ele defendeu durante vários anos, não só acusados, mas a própria instituição do Tribunal do Júri, defendendo com paixão e afinco os réus que lhe eram confiados. Ederval levou a Defensoria Pública a níveis extremos de excelência na batalha pelos direitos dos réus em julgamentos justos e dentro da legalidade”, afirmou o juiz Celso de Paula.

Para o subprocurador-geral de Justiça do Estado, Carlos Fábio Braga Monteiro, o defensor Antônio Ederval era um apaixonado pelo Tribunal do Júri e pela defesa. “Atuo no tribunal do júri desde 1997. Tendo atuado em mais de 1000 sessões de julgamento, tive a honra de tê-lo em mais de 70% disso. Uma figura extremamente dedicada, que amava o que fazia. A Justiça amazonense, o Amazonas perdeu um grande profissional, uma pessoa que se doava à função que exercia. Estamos todos de luto”.

Militância

O PCdoB também divulgou uma nota de pesar pelo falecimento de Antônio Ederval, que atuou por décadas como militante e dirigente do partido político. “Ederval, meu camarada, você partiu, mas nós nos comprometemos a continuar sua luta, como a última homenagem que podemos lhe prestar”, diz trecho da nota assinada pelo presidente estadual do partido, Eron Bezerra, que também esteve no velório para prestar suas últimas homenagens.

Legado

A viúva de Antônio Ederval, Maria das Graças de Lima, sustentou que, além do exemplo de diligência na área jurídica, onde atuou com devoção reconhecida por colegas do serviço público, o defensor deixa um legado inspirador de dedicação ao próximo.

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