Uma semana após ser preso pela Polícia Federal por suposto desvio de R$ 115 milhões destinados à saúde no Amazonas, o empresário Mouhamad Moustafa, sócio-administrador da Salvare Serviços Médicos Ltda é contemplado pelo governo de José Melo (Pros) com o pagamento de R$ 92.878.
De acordo com o Portal da Transparência Fiscal do Estado do Amazonas, a empresa Salvare Serviços Médicos Ltda de propriedade de Mustafa recebeu no dia 28 deste mês R$ 16.314,90, R$ 21.753,20, R$ 21.746,26 e R$ 16.309,70 de uma vez só.
O escândalo estremeceu fortemente as estruturas do governo José Melo que, além de decretar a falência da saúde pública no estado, com consequência nefastas e desastrosa para o usuário do Sistema Único de Saúde (SUS), é apontado com autor e responsável pela compra de votos que lhes garantiram o mandato de governador.
Em vez de mostrar a cara e falar à população do seu envolvimento ou não com Mustafa, José Melo torce o nariz e, longe de se mostrar preocupado com o mais novo escândalo, reforça os cofres Salvare Serviços Médicos Ltda com R$ 92.878.
A liberação das quatro parcelas pagas a Salvare Serviços Médicos Ltda., de propriedade de Mustafa, desmistifica, portanto, a versão maniqueista dos marketeiros de campanha do governador de que José Melo representava a humildade e o seu opositor a arrogância.
Para entender
Mustafa e mais 11 pessoas foram presas no dia 20 deste mês durante a execuração da operação "Maus Caminhos", deflagrada pela Polícia Federal, Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União (CGU).
O objetivo da ação era desarticular os movimentos de uma organização criminosa, da qual fazia parte Mustafa, que desviava recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) no em Manaus, Itacoatiara e Tabatinga.
As empresas investigadas são comandadas direta ou indiretamente pelo médico e empresário Mouhamad Moustafa, preso no condomínio Ephigênio Sales.
Mouhamad Moustafa é sócio-administrador da Salvare Serviços Médicos Ltda e da Sociedade Integrada Médica do Amazonas Ltda (Simea), controlando ainda a Total Saúde Serviços Médicos e Enfermagem Ltda, por meio de procuração emitida pela presidente do INC.
A Total Saúde Serviços Médicos e Enfermagem Ltda., por exemplo, recebeu da administração José Melo (Pros) de fevereiro a março deste ano mais de R$ 16 milhões e mesmo assim não pagou os salários dos servidores terceirizados.
A investigação teve início em análise da CGU sobre concentração atípica de repasses do Fundo Estadual de Saúde à organização social Instituto Novos Caminhos (INC). De abril de 2014 a dezembro de 2015, a entidade recebeu mais de R$ 276 milhões para administrar duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), em Manaus e Tabatinga, e um centro de reabilitação para dependentes químicos, no município de Rio Preto da Eva.
Somente nos últimos dois anos, o INC recebeu R$ 220 milhões do governo estadual. O montante representa quase 25% do total de recursos do Fundo Estadual de Saúde do Amazonas.
O INC recebeu, em 2014, a qualificação do Governo do Estado do Amazonas para administração das unidades saúde UPA Campos Sales, em Manaus, Centro de Reabilitação em Dependência Química – CRDQ, em Rio Preto da Eva e a UPA 24 Horas e Maternidade Enfermeira Celina Villacrez Ruiz, em Tabatinga.
Veja o link