Abílio Diniz no cativeiro — Foto: Antônio Moura/Agência O Globo

O sequestro ocorreu dias antes do segundo turno da eleição presidencial que opunha Fernando Collor (na época, PRN) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o episódio agitou a campanha política naqueles dias após o petista ter sido associado ao grupo de criminosos responsáveis pelo sequestro.

Diniz, que na época era do grupo Pão de Açúcar, ficou em cativeiro durante seis dias, e só foi liberado no dia 17 de dezembro. O grupo de sequestradores era formado por quatro chilenos, dois argentinos, dois canadenses e um brasileiro, ligados ao Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR), do Chile.

A ação foi planejada em conjunto com o movimento Forças Populares de Libertação (FPL), que atuava na guerrilha de El Salvador. O MIR exigia um resgate de US$ 30 milhões para libertar o empresário, dinheiro que seria utilizado para financiar a guerrilha.

Após a polícia encontrar o cativeiro, foram 36 horas de cerco até que os sequestradores se rendessem. Na ocasião, a polícia apresentou camisetas do PT e material de campanha de Lula, que teriam sido encontrados em imóveis alugados pelo grupo de criminosos, o que foi usado como arsenal para relacionar o petista ao sequestro. Foram 10 sequestradores presos.

A libertação do empresário aconteceu na manhã do segundo turno da eleição, no dia 17. Naquele dia, Lula perdeu para Collor. Além do material de campanha e de camisetas do PT, a polícia apresentou agendas do grupo com nomes de petistas. A vinculação dos sequestradores ao PT foi avaliada como um dos aspectos do resultado negativo de Lula nas urnas. A possível ligação do sequestro com o Partido dos Trabalhadores jamais foi comprovada.

Ao final de dezembro de 1998 oito sequestradores do empresário Abílio Diniz que estavam presos — os canadenses David Spencer e Christine Lamont foram extraditados em novembro de 1998 — completaram trinta e oito dias em greve de fome, a mais longa do país, e conseguiram redução da pena. Por sete votos a dois, o Tribunal de Justiça de São Paulo aceitou o pedido de revisão criminal dos sequestradores, diminuindo as penas de 26 a 28 anos de reclusão para de 15 a 18 anos. Além disso, por terem trabalhado no presídio, eles tiveram a pena reduzida em um ano e meio.

Em maio de 1999, o cearense Raimundo Rosélio Freire ganhou liberdade condicional, após cumprir dez anos de prisão, um terço da pena. Ao sair afirmou que estava arrependido do sequestro. Em abril do mesmo ano foi a vez dos chilenos Héctor Tapia, María Emilia Marchi, Pedro Lembach, Ulises Gallardo e Sergio Olivares Urtubia serem repatriados ao Chile e levados ao Centro de Detenção Preventiva Santiago Sur. Os argentinos Horácio e Humberto Paz foram extraditados em julho de 1999.

Com informações de O GLOBO

Artigo anteriorMãe de Navalny ainda não viu o corpo do filho morto e foi barrada em necrotério
Próximo artigoZMA: suplemento com zinco e magnésio pode aumentar massa muscular?