Nove anos após o início das operações comerciais da Companhia de Gás do Amazonas (Cigás), o gás natural canalizado chegou a 13 usinas termoelétricas em seis municípios do estado. O efeito da mudança da matriz energética está, literalmente, no ar: uma redução mensal de queima de 70 milhões de litros de diesel e óleo combustível antes utilizado no abastecimento dessas usinas, segundo a Eletrobras Amazonas Geração e Transmissão de Energia.
No caminho do gasoduto Coari-Manaus, cinco cidades são atendidas para abastecimento de usinas termoelétricas. Coari, Anori, Anamã, Codajás e Caapiranga utilizam gás natural para geração de energia. Em Manaus, até 65% da energia é gerada através do mesmo consumo. “Isso representou uma redução significativa no trânsito de carretas e balsas de transporte de combustível, que eram utilizadas para fazer as entregas nas usinas instaladas nas margens dos rios”, explicou o gestor de contrato da Amazonas GT, Bruno Tupinambá.
Segundo pesquisa científica publicada em 2017 na revista científica “Atmospheric Chemistry and Physics”, dos pesquisadores da campanha científica Green Ocean Amazon, a adesão ao gás natural em Manaus significou uma redução 73% na poluição provocada pela queima de combustíveis líquidos. A troca resultou também na diminuição em 55% na emissão de gases de efeito estufa (metano e dióxido de carbono).
O pesquisador Adan Medeiros, um dos responsáveis pelo levantamento, afirma que a utilização do gás natural é crucial do ponto de vista ambiental para a Amazônia. “Altas concentrações de ozônio a nível estratosférico pode acarretar diversos problemas, tanto para florestas, com a morte de plantas, por exemplo, como problemas respiratórios para população”, observou. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), sete milhões de pessoas morrem por ano por causas diretamente relacionadas à poluição do ar.
Novo conceito de fornecimento – Além da redução de emissão de dióxido de carbono, a troca do óleo pelo gás natural representou um novo conceito de fornecimento, agora canalizado, com menos agressões ao meio ambiente. “Reduzimos para zero a possibilidade de derramamento de combustível nos rios e nos solos da área de tancagem, quando se tinha recebimento de combustível (via fluvial ou terrestre)”, completou Tupinambá.
Consumo – No segmento termoelétrico, até março deste ano, o Amazonas só consumiu menos gás natural que o estado do Rio de Janeiro, principal produtor do combustível no Brasil. Em maio, foram 4.194.008 metros cúbicos por dia utilizados para este fim, de um total de 4.310.032 m³/dia distribuídos para todos os segmentos no estado. Um volume crescente, dado a ligação recente de novas usinas, como a de Coari e Mauá 3, em Manaus.
Vetor de desenvolvimento – Para o diretor-presidente da Cigás, René Levy Aguiar, o considerável volume distribuído do gás reflete a importância do combustível como vetor de desenvolvimento do Amazonas. “O fornecimento para as termelétricas consolidou o gás natural como nova matriz energética do estado. Tanto nos municípios no trajeto do gasoduto quanto em Manaus, a rede de gás oferece essa oportunidade de desenvolvimento”, destacou.

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