Olá Navegantes!

Conforme o itinerário, nossa viagem pelos mares da psicologia tem abordado nas últimas semanas os Transtornos do Neurodesenvolvimento. Já conversamos e aprendemos sobre diversos temas interessantes que você pode conferir navegando por aqui. Hoje abriremos uma sequência sobre os Transtornos Motores, que englobam Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação, Transtorno do Movimento Estereotipado e Transtornos de Tique.

Vamos falar agora sobre o Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação -TDC.

Parece bem óbvio né que esse transtorno é uma dificuldade na coordenação motora. Pois bem, errado você não está, mas vamos sair do raso né maninho e aprender que para classificar esse transtorno devemos descartar primeiro as seguintes hipóteses:

  • Prejuízos motores devidos a outra condição médica;
  • Deficiência intelectual;
  • Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade;
  • Transtorno do espectro autista.

Eliminando então os transtornos acima, partiremos para o Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação. O TDC é um distúrbio das habilidades motoras que afeta crianças em idade escolar. Ocorre quando um atraso no desenvolvimento das habilidades motoras, ou dificuldade em coordenar os movimentos, resulta em uma incapacidade de realizar tarefas diárias comuns, como amarrar sapatos ou descer escadas. O termo TDC é usado para se referir às dificuldades nas habilidades motoras.

Algumas crianças parecem ser mais “desajeitadas” ou “estabanadas” que as outras. Elas ficam tristes por não conseguirem acompanhar os colegas nas brincadeiras motoras e, muitas vezes, são alvo de comentários de professores e colegas, devido à letra feia, cadernos bagunçados, o cabelo mal penteado e as roupas em desalinho.

Essas crianças costumam se envolver em situações embaraçosas, como tropeçar e cair no meio da apresentação de teatro da turma, não conseguir agarrar uma bola chutada pelos colegas, escorregar na carteira e cair no chão, e acabam ganhando nomes ou apelidos, que sinalizam sua condição e as excluem de certas atividades ou grupos sociais.

Um exemplo é aquela criança mais quieta, que nunca é chamada para brincar com os colegas no recreio ou, ainda, ela é a última a ser convidada para entrar no jogo de bola. Muitas pessoas, inclusive pais e professores, acham que a criança é apenas preguiçosa, insegura ou desinteressada, mas deve-se observar com mais cautela.

O diagnóstico de TDC é feito pelo médico com base em avaliação com teste padronizado de desenvolvimento motor e observação da dificuldade para fazer as atividades diárias, escolares e brincadeiras.O relato dos pais e professores é muito importante nesse momento.

Depois do diagnóstico, é indicado o tratamento com terapeuta ocupacional, para que possa ensinar as estratégias adaptativas. O objetivo é que o tempo da criança seja respeitado.O TDC não desaparece com a idade, mas é importante identificar o problema quanto antes, pois há muitas formas de ajudar a criança a superar os desafios.

Resumindo, você já captou a essa altura que o TDC é bem diferente de ser uma pessoa desastrada, por exemplo, que vive esbarrando o dedo na quina do armário (ai!) ou derrubando algum objeto no chão. É importante ressaltar que por se tratar de um Transtorno do Neurodesenvolvimento, os marcadores de desenvolvimento devem estar bem abaixo dos esperados para a idade.

Então, deve-se sempre investigar se a causa de uma criança não conseguir acompanhar as outras não é de origem neurológica ou motora. Às vezes a criança se sente inadequada no meio das demais e tende a se isolar ou evitar atividades que requerem movimentos específicos, como, por exemplo, “pega-varetas”.

Falaremos mais sobre isso adiante, mas por hoje é hoje é só, já vou ficando por aqui. Te aguardo pra gente bater um papo rápido sobre os demais Transtornos Motores, e logo após, levantarmos âncora e partir para nosso próximo aprendizado: Espectro da Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos.

Eita é forte rs!

Até breve!

Syrsjane N. Cordeiro

Psicóloga pelo UNASP – SP, Especialista em Saúde Mental. Já atuou como psicóloga na prevenção e promoção de saúde na atenção básica (2014); na prevenção e promoção de saúde indígena no Alto Rio Solimões (2015); atuou também na área da assistência social, no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS).

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